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O MND AO REDOR DO MUNDO E NO BRASIL

RECUPERAÇÃO DE REDES DE ÁGUA POTÁVEL, EM DIAMETRO DE 250 mm, com ampliação para 300 mm.

O DESAFIO DO ARREBENTAMENTO DE REDES (ÁGUA E ESGOTOS) DE DIÂMETRO DE 200mm E 250 mm.

Neste boletim vamos focar numa área ainda pouco explorada no Brasil. Nos grandes programas de perda de água em andamento, há uma concentração nos diâmetros menores nos sistemas de distribuição, todavia, há aduções em diâmetros de 300 mm ou mais, que além de necessitarem reposição (renovação), ainda precisariam ter seu diâmetro ampliado. E o Brasil já tem condições (equipamentos e empreiteiros) de atacar esse problema com o arrebentamento pelo mesmo caminhamento.

A obra que vamos descrever trouxe inúmeras lições para os projetistas, consultores, empreiteiros e para o proprietário da rede.

Trata-se de uma cidade muito antiga, Kingston, ao Sudeste de Ontário no Canadá. A rua chamada Princesa, em homenagem à irmã da Rainha Victoria, uma das mais movimentadas com 200 anos de existência, e era parte da estrada original Kingston Road data de 1871. Essa rua era pavimentada em paralelepípedos e mais tarde recebeu o pavimento de concreto, e rota dos ônibus de turismo entre outros.

Pensar em abrir uma vala para reposição da adutora era inviável, segundo o projetista Matt Glass, pois se tratava de uma tubulação com 820 m de extensão, com diâmetros de 200 mm e 250 mm e ferro fundido, com um histórico recheado de vazamentos, numa rua tradicional com um comércio muito forte além de prédios governamentais.

Todos os projetos de arrebentamentos são feitos pela própria proprietária da rede, que prima por estabelecer todos os critérios que garantam a viabilidade técnica dos mesmos, e para isso fazem detalhada e intensa pesquisa técnica e de levantamento de dados, entre eles, segundo os projetistas, a avaliação da proximidade da rede a arrebentar, de outras redes existentes, já que o diâmetro ampliado exigiria uma cabeça de arrebentamento de grande diâmetro como veremos adiante.

Uma vez projetada e licitada, a obra foi executada por uma empresa pertencente a um casal Gordon Barr e Ethel Barr, estabelecidos desde 1959, e hoje sob a gestão dos três filhos do casal, Bert, Brian e Brent. Mark Kent o orçamentista da empresa, disse que sempre foram tradicionais executores de instalação de redes subterrâneas por vala a céu aberto, mas que já há algum tempo vêm executando o pipe bursting. O consultor do arrebentamento foi Andy Braithwalte, de Enninsmore, Ontario.

A OBRA E AS EXIGÊNCIAS

A obra compreendeu o arrebentamento de uma tubulação com extensão de 820 m, que resultou no lançamento em MND de 675 m, inicialmente imaginado ser executado em um único lançamento nessa extensão. Também foi deixado como opção executá-lo em dois lances. A troca do F°F° por PEAD, foi então executado conforme as condições a seguir.

A primeira exigência foi a ampliação dos diâmetros existentes para 300 mm. Outro desafio seria a distância de arrebentamento inicialmente imaginada entre 60 e 150 m com a ideia de manter um dos primeiros benefícios do método que seria permitir o fluxo de tráfego, já que a rede estava localizada no terço da largura da rua. As restrições no estudo acabaram por mudar várias vezes os pits da máquina e da entrada da tubulação, e por fim, acabaram, sempre que possível, locando onde haveria necessidade de troca ou instalação de válvulas ou ligações. Uma única seção de 50 m de extensão teve que ser feita em VCA, devido à proximidade de um coletor de esgotos, que por isso, também foi reposto.

Foram instaladas as redes de suprimento de água temporária (by pass) instaladas na superfície. A profundidade da adutora variou entre 1,5 m a 2,4 m, muitas vezes com enchimento de rachão, o que exigiu o uso de martelos hidráulicos para abertura dos pits.

A máquina de arrebentamento com capacidade de tração de 100 ton. mede aproximadamente 6 m por 2,4 e um pouco mais de espaço é necessário para o operador e o ajudante. Já o Pit de entrada da tubulação, em função do raio de curvatura da tubulação, variou entre 9 m, chegando às vezes há 15 metros (rampada).

Para instalar uma tubulação de 300 mm de diâmetro a cabeça de arrebentamento, foi projetada com 406 mm de forma a proteger a tubulação plástica, que é rebocada simultaneamente.
Lições aprendidas: O grupo responsável pelo projeto confessou que embora tivessem se atentado a muitos detalhes, aprenderam que deveriam ter feito uma inspeção por CCTV da rede existente, o que não foi feito, em vista da enorme corrosão e incrustação existente na tubulação velha, o que teria levado uma pouco mais de tempo para iniciar o projeto, mas que acabou custando mais no fim, onde os custos variáveis são enormes. Um dos casos foi a existência de uma válvula, que teria sido identificada pela imagem, e que exigiu a paralização dos trabalhos já que a máquina de bursting não conseguiu passar por ela. Neste trecho foram executados os 3 lances num único lançamento cobrindo toda a extensão dos mesmos.

Outra ocorrência foi a existência de uma curva também inesperada, que poderia ter sido identificada ou pela CCTV, ou ainda pela localização de interferências por MND, o que acabou exigindo a abertura de um pit no local. Algumas redes próximas acabaram arrebentando e tendo que ser reparadas no deslocamento do solo, o que também poderia ter sido calculado antecipadamente, já que nesse Método Não Destrutivo, há o deslocamento de solo e não de escavação e retirada, como por exemplo no Furo Direcional também.

As escavações foram sempre que possível foram feitas à noite, e colocadas chapas de aço cobrindo a valas, e as que não puderam ser feitas nesse tempo, foram coordenadas com os proprietários de lojas do local, para diminuir o transtorno em frente essas propriedades.

Finalmente os cortes e realimentação das redes foram também coordenadas com os consumidores para diminuir os transtornos durante essa rápida operação. Pela primeira vez a empreiteira utilizou uma máquina de 125 ton. de capacidade.

No Brasil temos feito pouca ou quase nenhuma obra de arrebentamento nesses diâmetros maiores, principalmente pensando em máquinas com capacidade de 100 ton., embora tenhamos empresas que já possuem o equipamento, e há fornecedores no país em condições de fornece-las caso alguma empresa deseje adquiri-las.